sexta-feira, 3 de setembro de 2010

CHEGOU O SETEMBRO - (ENTRE SEXTA E SÁBADO - 2010/09/03) Do livro: (já editado) "ESTRO DE MULHER"


CHEGOU O SETEMBRO


As parras, são tal qual leques, mercê do vento
E as uvas, estão no seu fim de gestação;
Filomena, canta e encanta, a dado momento,
Donairoso canto – com o seu sentimento –
Preiteando Baco, p’la sua criação!

As vides, são serpentes, de ingénua intenção,
Levando-nos às verdadeiras tentadoras;
E uma Eva ou Adão – Sensível á tentação –
Não se apraz, só com os olhos comendo…não,
Que arranca um cacho, dessas belas sedutoras!

Graças frescas, vão sendo seleccionadas,
O moço e a moça, afinam bem as suas rimas;
A alegria, alentará caras transpiradas,
‘Starão, tradição e trabalho de mãos dadas,
Se cumprirá, mais um ritual das vindimas!

E os pipos e batoques, se vão preparando,
Cestos e cestas, passar-se-ão a contar;
Se a lida par’cer dura, a fé vai ajudando,
Que escada acima, escada a baixo – labutando–
Hav’rá garra e sabedoria popular!

Logo o “torna cesto” e o “não torna” costumeiro,
Se ouvirá, ecoando, pelos vinhedos fora;
E o Zé, contará com presunto, do fumeiro,
Com broa e com vinho velho – mas bem gaiteiro –
Que lhe obsequiarão, perante a devida hora!

O lagar, virará um palco de esplendor!
A arte e destreza dos pés, serão demonstradas;
Num ritmo certo, co’o instinto por professor,
– E sem que algum tenha intentos de vencedor–
Só pararão, com as uvas, todas pisadas!

E não só eles, acabarão envaidados,
Que os anfitriões, também irão caprichar,
Pois todo o labor e perícia elaborados,
Serão bem revigorados e compensados,
Ninguém abalando, sem um farto jantar!

Por fim, felizes, voltarão a seu cantinho,
E – na certeza, que ninguém se mostrara fraco –
Acreditarão, ir à provada do vinho,
– Cada artesão, se tornara um adivinho –
Porque muito se honrara o generoso Baco!

1991

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