quinta-feira, 31 de março de 2011

AO PARTIR DO DESLUMBRAMENTO - Do livro: "DEAMBULANDO POR CAMPOS BIOGRÁFICOS"


AO PARTIR DO DESLUMBRAMENTO

 

Vulcânica emoção, que anda na crista,
Poderá de cansaço dar sinal,
Que nem sempre resulta triunfal,
Um puro sentimento, que se invista....

Ficando como rocha arrefecida,
Aquilo que era brasa incandescente
E dando mesmo azo à despedida...

Sob pena, de um dos lados mais sentir,
O estigma - que esgazeia mesmo quase -
Jus a um deslumbramento, de que a fase,
Se é que existiu, então teve o partir...
 

2009

quarta-feira, 30 de março de 2011

COLHEITAS TRANSFORMANTES - (O POEMA DA SEMANA - 2011/03/30) Do livro: ( a editar) "DEAMBULANDSO, POR CAMPOS BIOGRÁFICOS"



COLHEITAS TRANSFORMANTES
 

Lá anda boa gente, na ramboia,
Porque à solidão, há temeridade,
Que ela faz perigar a sanidade,
Sob pena de levar à paranóia…

A não ser, que amizade – a rara “joia”
Refreie alguma dessa atrocidade;
Ou um tipo de amor, todo verdade,
De salvação consiga ser, a “boia.”

Logo, se uma amizade assaz estreita,
Pode mudar procela p'ra bonança
E por tal, ser fator de grande importe;

Então, um vero amor, ter por colheita.
E co'ele, uma bem plena aventurança
A solidão terá radical corte.

2009

terça-feira, 29 de março de 2011

ALMA SELVAGEM - Do livro: ( a editar) "DEAMBULANDO, POR CAMPOS BIOGRÁFICOS"

ALMA SELVAGEM


Tendo inata alma, ordeira natureza
Qual é o radical que a põe do avesso?
Quem lhe inflige tamanha malvadeza?
Levando-lhe às valias desapreço?

Tal mudança – que então se manifesta
E p’lo que de falível nos suscita
A muitos, causa até, suor na testa…
E alma assim – que outra igual a si, merece  
P’los comuns ideais, em concomitância –
É selvagem, pois não se compadece;
                       Não põe freio nas ondas da inconstância…                    
                        
Tão frágil sendo, quanto defetível 
 É p’rá monogamia, p’riclitante...
Que em si, eterno amor, é impossível!...

2008

sábado, 26 de março de 2011

O "CISNE" DO MAR DO SONHO - Do livro (a editar) "PROPENSÕES MUSAIS"

O“CISNE”DO MAR DO SONHO


Quando em nado e entregue à observância,
Um "cisne", não propenso a erros crassos,
Vê no visco, das algas e sargaços
Uma escol e musal extravagância!

E p'ra agitar a carga inspirativa,
Eis que na vertical, rasga o marulho
Ou baila, sobre a vaga ondulativa.

Não deixa que o seu ânimo esmoreça
Face às suas tão sérias imersões
E apegado a bem firmes convicções
Lança-se (com capricho) de cabeça.

Mareante, apostando em cada chance;
E sempre que tem que ir por rumo alheio,
Sempre deixa patente o próprio lance!


2009

*Importa salientar, que nem sempre a alusão de cisne, se refere àquela ave, que vemos em lagos... Cisne é também nome de poeta. Um poeta também poder-se-á chamar de "cisne" . Não foi sem razão que num soneto que tenho a Camilo Castelo Branco, o intitulei de "CISNE" CEGO, porque o escritor como também era poeta, a certa altura da sua vida, cegou. Reparem por favor na coreografia : O lago dos cisnes. Esses cisnes em si, são alusão a poetas. Quando o povo diz que o cisne antes de morrer canta, não se referirá a um poeta que perto do fim mais se agarra a seus versos, lendo-os com mais devoção?

sexta-feira, 25 de março de 2011

AS FLORES DO JARDIM - ( ENTRE SEXTA E SÁBADO -2011/03/25 ) Do livro: (a editar) "PROPENSÕES MUSAIS"


AS FLORES DO JARDIM
I
O jardim, é o reino das flores,
Reino da mais pura beleza;
Do nardo, da forma e cores,
Onde a mãe é a Natureza

Mãe que de dia, ou ao luar,
Convida então interessados,
A estenderem seu olhar,
Sobre seus filhos, muito amados

A terra, é complente alimento,
Desses filhos, de alta valia;
O sol, mimosidade e alento,
E a água, da chuva fria.
II
A borboleta, sem temores,
E de livres asas abertas,
Voa circunda e beija as flores,
P’ra fazer suas descobertas.

O pintor, sensível no olhar,
Às cores e formas da vida,
Vê no jardim, razões sem par,
Para tela bem sucedida!

E o poeta – esse pensador
Sem barreira, p’rá fantasia,
Vê nas flores, musas de amor
E acontece poesia!

Das flores, as formas tão belas,
Fazem nossa alma até vibrar,
E mesmo conjugar ao vê-las
Doces verbos: sentir e amar!
III
As pétalas do malmequer,
Irão dar alegria, ou dor,
Se ao desfolhá-las, um qualquer
Tiver incertezas de amor...

Tais pétalas, irão fazer,
– Se desfolhadas a preceito
Num ora bem, ora mal quer –
Prazer ou desprazer, no peito

Se entre outras flores do jardim,
Amor-perfeito, se avistar,
A nossa alma, apressa-se assim,
A por uns momentos, sonhar.

PAUSA

E desse belo amor-perfeito,
– Com o requinte do veludo –
Diz nossa alma, dentro, ao peito:
– Quem tem um amor, tem tudo!

O sorriso e o charme da rosa,
Mais o seu pé de acantos sérios,
São lema, para muita prosa,
De grande lirismo e mistérios...

E se um homem provar quiser,
Que uma mulher lhe é querida,
Se uma rosa lhe oferecer,
Sua missão está cumprida.

Tenha a cor, que o cravo tiver,
É presença de altivez;
Mas se for rubro, dá p’ra ver,
Ser Marco de “Abril, português”

E p´ra essa flor nobre e bela,
Um gesto é bonito e viril:
Sua postura, na lapela,
Cada “vinte e cindo de Abril”!

O lírio, branco ou lilás,
Quando aberto, lembra paixão,
Lembra aquele amor que é capaz,
De sorrir ao dar seu perdão

E como prova de candura,
O lírio branco, é frequente,
Pela noiva que no altar – pura –
Olhará para Deus, de frente.

IV

Quando em botão as flores,
Amam e também são amadas,
E abrindo, ante ternos calores,
Do sol – que as põe tão mimadas.

E para elas, dá o jardim,
O seu regaço, por consolo;
Por tal, quando sentem o fim,
Vão caindo em paz, no seu “colo”!
1979
FIM

quinta-feira, 24 de março de 2011

A ANDORINHA E O ROUXINOL - Do livro: (a editar) " PROPENSÕES MUSAIS"

A ANDORINHA E O ROUXINOL


Uma triste andorinha de negrinhas asas
Do seu beiral, ouviu um rouxinol trinar
Chorando até seus olhos parecerem brasas
Por saber não podê-lo jamais imitar...

Voou desesperada, para além das casas
E o rouxinol, parou seu canto p’rá louvar:
– Com teu voo andorinha, tu até me arrasas,
Pudesse como tu, assim alto eu voar.

– Sim rouxinol, das asas posso-me gabar,
Mas meu timbre de voz, esse, "longe" não vai
Porque a deusa Minerva não me dissera: CANTA!

– E eu? Que lhe obedeci, sendo ave de trinar,
Entre galhos, no Inverno solto ( o muito) um ai
Pois tenho os madrigais, gelados, na garganta!

1977

quarta-feira, 23 de março de 2011

CRISTAL - DOCE MAGIA ( O POEMA DA SEMANA -2011/03/23 ) do livro: ( a editar) " PROPENSÕES MUSAIS"


CRISTAL - DOCE MAGIA


Quando te tocam, soltas timbre musical,
Com essas tuas notas, de som Angelino;
Tu és a pura essência, do quartzo hialino,
Oh portentoso e sempre imponente cristal!

Doces notas, num misto de dor e alegria,
Parecendo instrumento em percursão a-solo,
E encantando sentidos, como que um arrolo;
Oh cristal, que em teu âmago, há terna magia!

E vibras com a luz, de um bom potencial;
Que ela honra-te o cariz - quer ele denso ou fino
E faz-te irradiar - oh vidro paladino,
Esse teu colorido - quase carismal!

Essa tão nobre plástica, assim de teu colo,
As cores que tu pões nas paredes flectidas,
Em desnudadas mesas ou então " vestidas",
Parecem um arco- íris, que pintara Apolo!

1991/03/03

segunda-feira, 21 de março de 2011

APÓS UM PRIMAVERIL "BEIJO" DO SOL - Do livro: ( a editar) "PROPENSÕES MUSAIS"

APÓS UM PRIMAVERIL “BEIJO” DO SOL

Lá chega a primavera co'as bagagens
Beijando a flor, a árvore e a planta
Com primaveril dom, de sãs aragens!

Se ao relógio, uma hora se adianta
Paira no ar, nardo a cedro e alfazema
E de esgalho em esgalho o pardal canta.

É como reprovar, do tempo o esquema
Na chuva, geada ou neve que caíra
E se em excesso, dera num problema...

Há lagarto em pachorra, que se estira
– Por breve tempo em muro ou chão terreno –
E depois a correr, quase delira!

Que assim desta estação,“beijo”, sereno,
Em tudo que incida, é bem importante;
E até o gado, acha melhor o feno,
Devido a um prado, assaz exuberante!
2010




sábado, 19 de março de 2011

QUANDO NO MAR, O SOL AJOELHA - Do livro ( a editar) "PROPENSÕES MUSAIS"


QUANDO NO MAR O SOL AJOELHA


Quando já fatigado por demais,
Começa o sol na barra a ajoelhar,
De pronto o rouxinol, põe-se a soltar,
Os seus belos acordes musicais.

As suas notas - tão especiais,
Dum castiço e dolente, solfejar;
E a  muda noite, faz amplificar,
O eco do trinado, entre os matagais.

Nessa altura, adormece a cotovia,
Tendo cumprido, o seu  canto de dia,
P’ra que o rouxinol, de noite o faça;

E há mesmo muito poeta, que garante,
Que uma ave, que só de noite cante,
É com mais misticismo, garra e raça!

2010

sexta-feira, 18 de março de 2011

AS DESPEDIDAS DO INVERNO, AO MONTE- ( ENTRE SEXTA E SÁBADO - 2011/03/18) do livro: (a editar) "PROPENSÕES MUSAIS"


AS DESPEDIDAS DO INVERNO, AO MONTE


O inverno  ao monte faz, as suas despedidas,
E diz-lhe: ATÉ OUTRO ANO - com graças singelas:
Dando ao mato e alecrim, bem mais sentido às vidas,
(Com amarelas cores  - e por tal garridas)
E assim logo os fazendo  sentirem-se estrelas!

Mas outras despedidas mais, dá gosto vê-las:
(Do Inverno, outras ternuras,  assazmente airosas)
Que em árvores, também põe flores amarelas;
E por aveludadas serem e tão belas,
Nós as epítetamos de (flores) mimosas!

Cada flor é  " pompom" pequenino e macio,
E na árvore-mãe, fazem um grande vistão;
Provando que o inverno, sendo triste e frio,
Também tem seu donaire, seu vigor e brio,
Contrastando co'o lado seu bonacheirão!

E o monte, até sente foros de “Majestade”!,
É que as mimosas, são um seu nobre tesouro;
Contudo, com um prazo de vitalidade,
Por tal, irá sentir do inverno, uma  saudade,
Mas que superará, ante outro ano vindouro.

Porque além dele ter vivido algum Averno,
A tão belo desfecho, dá real valor,
Reconhecendo, bom amigo ser, o inverno,
Que lhe dera mimosas, por um adeus, terno!
O: ATÉ AO ANO - com “migalhinhas”, de amor!

1991

quinta-feira, 17 de março de 2011

CALVÍCIE NA FLORESTA - Do livro: (a editar)


CALVÍCIE NA FLORESTA

Os moto serradores, pela alva,
Começam o arvoredo, debastando;
No ar, há nardo a choupo, cedro e malva
E (em plangor) os pardais – irão rareando.

As indefesas árvores de ressalva
Tristonhas se apresentam, balançando;
E quem uma floresta, torne calva
Um pulmão, na natura, pôe faltando.

Razia em choupos, cedros castanheiros,
– Que robustos sendo e altaneiros –
Um a um lá tombaram – pobrezinhos –

E os pardais, não podendo fazer guerra,
Choraram por tombar-lhes sobre terra,
Seus recreios, abrigos e seus ninhos…

2003

quarta-feira, 16 de março de 2011

INCENTIVO MUSAL, EM NOITE DE LUAR - ( O POEMA DA SEMANA - 2011/03/16 ) Do livro ( a editar)" PROPENSÕES MUSAIS"


INCENTIVO MUSAL, EM NOITE DE LUAR


Soltarás mais um belo canto, aedo
Mas de um um papiro honrado a cunho teu;
Que eu, quer inspire ilustre, quer plebeu
Jamais posso anular-lhes o auto- credo.

Ziguezagueia por entre o arvoredo
Com arte, de  agradar a Galileu;
E para doar-lhe honras de apogeu
Tarde demais não é, nem muito cedo…

E sempre com heróis, paredes-meias
Se é que da lira, amaines notas bruscas,
Não descures porém do apego a Marte;

Que então a par das grandes epopeias,
Génios de pequenez, por certo ofuscas
E com teu próprio canto, a consagrar-te!

2009

terça-feira, 15 de março de 2011

NOTURNO ESPETÁCULO POÉTICO - Do livro:( a editar) "RELANCES DUM OLHAR"

NOTURNO ESPECTÁCULO POÉTICO

I
Se o luar se enquadrava no contexto,
E a pedra muito bem mostrava a mica,
Muito ajudava o poeta a ler seu texto.

Oh que luarada essa, bela e rica,
- Serenando uma certa barafunda -
Enquanto a inspiração caía em bica!...
II
Sendo p’rá alma lusa - mais profunda
A oratória, um cabal sustentáculo,
Se de noite ao luar, melhor redunda!,

Que para o orador, sendo um obstáculo,
Em nocturno sarau, tal graça em falta;
Sempre redundará, sumo espectáculo
Ante luarada assim – "luz da ribalta"!

2009

sábado, 12 de março de 2011

ARDIL MUSAL - Do livro: ( a editar)"PROPENSÕES MUSAIS"

ARDIL MUSAL


Toda a musa que bem um  poeta, explora
Pugna por preparar-lhe um bom ardil;
Ante um intencional musal perfil
E com um dif'rente astral, hora-após-hora

- Pobre poeta, de nume em voltas mil
Tendo alturas, que até se desafora...-

Mas quando em sua obra um “firmemente”
Passar com mais rigor, do que blandícia,
E topar um acervo grã devícia,
Obra assim, é do tempo, transcendente!

- Podendo muito mais que vitalícia,
Adquirir um cariz de eternamente! -
2009

sexta-feira, 11 de março de 2011

VELHA AURA DE POÉTICO CLIMA - ( O POEMA DA SEMANA - 2011/03/11


VELHA AURA DE POÉTICO CLIMA

I
O que alguns acham mesmo extravagância
Manter-se um cultural, poético clima;
Acrescem-lhe o cariz de petulância

Subestimando até na mão a lima
De muito beletrista que improvisa,
P’ra bem intencional soberba rima.

Que de mente, por vezes indecisa
– Como uma melodia que se grave –
Implica precisão muito concisa;

(Nem muito tenaz, nem demais suave
Que apaixone, enraiveça ou inquiete
E quiçá junte fãs em bom conclave)
II
Não há autor que versos seus, não vete
– Por ter a perfeição, debaixo de olho –
E por vezes batalhe, até por sete…

Ou se insira num tipo de restolho
E acabando por ver-se limitado,
Que nem um verme dentro de repolho…

Mas sem permitir-se em desaforado
Antes de persistência, dá sinal,
Facto, na sua escrita, provado,
Ante o corrente garbo, lexical !

2009

quinta-feira, 10 de março de 2011

RETROCESSO DA QUÍMICA - Do livro ( a editar) "PROPENSÕES MUSAIS"


RETROCESSO DA QUÍMICA


Se em química a dois - feita  bom garante
Iniciar-se uma entrada em retrocesso,
Não admira, infligir um tal processo
Insipiência ou tédio, ao frustrado amante …

(Não há gorado amor, que não deprima
Que não fomente um gris sorumbatismo;
E que mais sombras dê, que iluminismo
A todo o proprio orgulho e auto-estima…)

Contudo, ante o inflexível processar,
Se houver fé, novo ideal, ir-se-á tecendo;
- Sobre a dilacerada alma, um remendo
Que ela é coisa, que não dá p’ra trocar…-

2009

quarta-feira, 9 de março de 2011

SENÕES DO GELO E DA PEDRA... ( O POEMA DA SEMANA -2011/03/09 ) Do livro: ( já editado) "ESTRO DE MULHER"


SENÕES DO GELO E DA PEDRA


O peito do mortal, encerra uma “fogueira”,
Que se ateará a leve assoprar somente;
E onde até o sangue, em suas veias– já quente
Par’cerá ferver, como água numa caldeira…

E é “fogueira” vulnerável, de tal maneira
Que o “gelo” ou a “pedra”, sobre ela incandescente,
(Mesmo até por nica que seja realmente)
P’ra afrouxá-la ou apagá-la é obra certeira…

Logo, no mortal, irá transpar’cer desgosto…
A dor, dessa chama apagada ou esmor’cida,
A não ser, que seja uma “máscara” seu rosto…

Que o que irá existindo dentro de seu peito,
São restos de “ chama” ou só “ cinza” arrefecida,
Senões do “gelo” ou da “pedra” – com seu efeito…

terça-feira, 8 de março de 2011

DO IDEALISMO, À CRIAÇÃO _ Do livro : ( a editar) "DEAMBULANDO POR CAMPOS BIOGRÁFICOS"

DO IDEALISMO À CRIAÇÃO

Quem na vida aspira a gosto raro
Não lhe bastará carisma e civismo
E até, nem o bordão do eufemismo
Valer-lhe-á como bom e certo amparo…

                                    (Que isento de labor, um idealismo
Será como uma pena, sem aparo…)

                                     E usando de destreza, na manobra
Com têmpera mais rija que granito;
Num consciente autor em auto-conflito
Jamais a santa luta, se lhe exprobra.


(E obra com suor, suspiro, ou grito
Também terá louvores, em redobra!)

2009