quarta-feira, 30 de junho de 2010

IMPORTES ESCRITOS - ( O POEMA DA SEMANA -2010/06/30 ) Do livro: (a editar) " PROPENSÕES MUSAIS"


IMPORTES ESCRITOS
Poderá mesmo ser grande tormenta
Tentar de bons escritos a recolha;
Mas p’ra quê remexer, cascos de rolha,
Se à-mão, um bom sortido, se apresenta?

E nem importa ser tosca a sebenta
Com o interior, que a ler se escolha;
Que pode ser relíquia cada folha
No que em si,ela apenas documenta!

Tenha mais ilusão ou mais verdade
Seja de cariz calmo ou repressivo,
Mais importa, é causar curiosidade;

E após ela, os proventos em conjunto,
Agitarem nosso ego refletivo,
P'ra o que há de criativo nesse assunto.

2009

sábado, 26 de junho de 2010

A SAMARITANA - Do livro: (a editar) " RELANCES DUM OLHAR"

A SAMARITANA


De novo, ei-la  pregando às multidões,
Essa mulher, dada em samaritana;
Traz o teor em mente e não se engana
Com conselhos, em forma de sermões.

Quer na rua, cafés, ou em pensões,
Ela prega, semana após semana;
Porém quando aos gerentes, dá na gana,
Expulsam-ne sem mais contemplações.

Só que ela insiste e até mesmo da rua,
Com vigor, seus sermões, lá continua,
Abominando o ato do pecado;

E exortando ao bem, cita o evangelho
Mas se acatam bem, cada seu conselho,
Acham-no dado em sítio, sempre errado.

ENQUANTO A SAMARITANA PASSA - Do livro (a editar) " RELANCES DUM OLHAR"

ENQUANTO A SAMARITANA PASSA


Será que é por doença ou magoazinha,
Que ela agora - e com grande lentidão,
Caminha com o olhar posto no chão
E com a cara ao lado, tão tristinha?

Porque não quererá ver a gentinha
Nem ao menos saudar quem é cristão,
Se aquando o exortar de seu sermão,
Chama-lhe filho meu ou filha minha?

Sabe não lhe ligarem coisa nenhuma
E frustrada, co’a alma envolta em bruma
Acusa de  erros mil, a humanidade;

E mais do que atenção, p'ra a sua prédica,
Ela precisará de atenção médica,
Porque isso em si, já roça a insanidade...

2004

ÂNSIA DE MULHER - Do livro: (a editar) " RELANCES DUM OLHAR"

ÂNSIA DE MULHER

Uma mulher vaidosa, olha a vitrina,
Conduzindo um carrinho de criança,
E dizendo a quem passa – com pujança:
Vejam que linda é,  minha menina.

Quem a conhece, já não se amofina,
Com tamanho fanatismo e chança,
Mas dispensa-lhe até a temperança,
De enrme compreensão e  bem genuína.

Que ao certo, grande trauma, ela sofrera
Porque em ostentação, tanto exagera
Num amor patológico-fantástico;

Mas quando a petiz ergue, do carrinho,
Provoca entre os passantes murmurinho,
Que a filha é uma boneca feita em plástico...

2003

UMA CERTA FORMA DE AMOR FILIAL - Do livro: (a editar) "RELANCES DUM OLHAR"

UMA CERTA FORMA DE AMOR FILIAL

Um órfão, dava à vida, mais sentido
Quando em noites, de Inverno friorento,
Ia a campa cobrir, do pai, jazido,
Ninguém o demovendo desse intento.

E  após esse seu ato então cumprido,
Acasa regressava, em são alento;
Sentindo o alter-ego engrandecido
E de sua auto-estima, louvamento.

Por tal - quando nevava - a horas mortas
P'lo coveiro era visto a forçar portas,
E tendo num dos braços, um capote;

P’ra na campa estendê-lo, com canseira
–Achando a terra, débil companheira –
Não fosse passar neve, ao seu velhote.

2003

ODETE - A CABELEIREIRA - Do livro: (a editar)" RELANCES DUM OLHAR"

ODETE – A CABELEIREIRA


Seu aspeto, fazia-nos  dizer:
– Ai santo Deus, como ela está magrinha;
Não admira, que sofre coitadinha
Seu real sofrer, dá p'ra ver...

Sua própria vontade viver
Par'cia  mesmo estar por uma linha;
Em que a criatividade que mantinha,
Se lhe notava apenas por dever...

E a cismar pelos cantos do salão,
Causava nas clientes a impressão
De ser bem séria sua enfermidade;

Até que em pouco tempo, falecia,
E da jovem viúva, se dizia
 De morte já prevista - por saudade - .

quarta-feira, 23 de junho de 2010

ESPLANADA NO VERÃO - ( Das minhas pinturas )


ESPLANADA, NO VERÃO - Do livro: (a editar) "PENSAMENTOS ( EN)QUADRADOS" -II

ESPLANADA, NO VERÃO

Há grupinhos de ociosas,
No Verão nas esplanadas,
Rindo das mais virtuosas,
A bandeiras despregadas.

A espertinha na esplanada,
Entre um biscoito à maneira,
Numa chávena adamada,
Toma seu "chá" de parreira...

Entre um café ou um fino,
Há na esplanada da praça,
Sempre um olhar mais ladino,
Que “come” a moça, que passa...

Toda a esplanada de praça,
Durante os meses de estio,
Faz corar quem por lá passa,
Que miram fio-a-pavio...

SEMPRE QUE EM FEBO HÁ BRONZE - ( O POEMA DA SEMANA-2010/06/23 ) Do livro: (a editar) "PROPENSÕES MUSAIS"

SEMPRE QUE EM FEBO HÁ BRONZE

Febo *ao fundo da barra, lá desponta
Com total isenção de vestimenta;
E orgulhoso, por ter pele sardenta
Que é azo a dar de bronze, boa conta.

Neptuno um confortável palco, apronta,
E que a mercê de Apolo, bem fomenta;
P’rá imagem principal, que se alimenta;
Só de algas inigmáticas de monta;

E sobre a barra, o bronze que  ressalta
Fruto de aura febal – escol ribalta –
É místico indutor de além-palpite;

Crendo alguns, que do seio neptunal,
Entre espuma, e num rasgo sensual,
Haja o ressurgimento de Afrodite!
2009
* O sol

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O CALO DA VIDA - ( O POEMA DA SEMANA-2010/06/16 ) - Do livro: (a editar) " DA RÚSTICA MUSA, QUE PASSA"...


O CALO DA VIDA

Quando se tem a nosso bom favor
Esse "calo da vida”, em sentinela;
Só por mera demência ou despudor
Poderá baquear em esparrela…

E só quem sabe ser de si, senhor
Acata calo assim, que se revela;
Senão, parece que ante usurpador
Sobre a íris, terá grande “remela”;

No calo de uma vida, há importância;
E é nossa sentinela de alertância,
Sobre o possível embrenhar num dolo;

Que no subconsciente, dá um toque
(Preventiva estratégia, feita choque)
P’ra: doido que se seja… nunca tolo!...
2009

DAS MINHAS MODELAGENS


2oo2

sexta-feira, 11 de junho de 2010

MALHOADA ( Das minhas pinturas )


MARIA-NADA E JOÃO-NINGUÉM - ( O POEMA DA SEMANA-2010/06/11 ) - Do livro: (a editar) "RELANCES DUM OLHAR"...


MARIA-NADA E JOÃO- NINGUÉM
A Maria-Nada e o João-Ninguém
Mantêm compromisso, bem anejo ;
De luxos, nem um vago relampejo,
E nos pés-de-meia, escasso vintém…

Para eles, grande prazer e bem
É a festa anual, do lugarejo,
Onde os dois – figurantes do cortejo
Verão por simpatia, algum desdém;

E irem entre gente de prestígio
É de vaidade o único vestígio
Da pacóvia mulher e o possidónio

Mas a sua mais comum ambição
É formalizarem a relação,
E neste Domingo, que é santo António!

2009

BANCADA DE MANJERICOS - ( Das minhas pinturas )


terça-feira, 1 de junho de 2010

COLAGENS POÉTICAS


JUNHO EM SOL MAIOR - Do livro: (a editar) "PROPENSÕES MUSAIS"

JUNHO EM SOL MAIOR


Instala-se por fim, Junho no trono,
Todo feito de sol, com tais brasidos,
Que expulsam-se agasalhos e o quimono,
Expõe ombros - uns meses escondidos -

Logo, o frou-frou dos leques, ganha entono,
Que os suores escorrem incontidos;
Com o estirar à sombra, em abandono,
Soltando até madeiras, estalidos...

Qndas sobre areais,  – línguas do mar –
Baba de maresia, a refrescar,
Os corpos á mercê do solstício;

É o advento de Junho em sol maior,
Um requintado mimo de calor,
Com “bronze” por presente assaz propício!

2004

APÓS UM SOALHEIRO JUNHO, ASSENTE - Do livro: (a editar)" PROPENSÕES MUSAIS"

APÓS UM SOALHEIRO JUNHO, ASSENTE


Com ode, em si, tão própria, quã castiça,
Lá entoa, a cigarra, o grilo e o ralo;
No quintal ou no campo, é um regalo,
Ouvi-los, entre a erva e a hortaliça!

Sob pena, que a formiga metediça,
Possa a um dos cantantes, agoirá-lo,
E de seu próprio voto, criticá-lo
Do exagerado gosto pela preguiça.

Bem a par, existe outro “quadro” vivo,
Que mostra escaravelho mais joaninha
Esburacando a folha, ao batatal;

De seu conluio assim, quase lascivo,
Todo o senso comum, sempre adivinha
Que a bem não sairão; somente a mal...

2010