sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Hino, alertando a consciência do mortal,
Exortando-o ao altruísmo, aquando olhos postos,
Em seu semelhante, seu irmão – seu igual,
Nos estigmas de dor, em tantos rostos…

Lembrando aos pela dita, mais favorecidos,
Que em muitos lares deste mundo, nesse dia,
Cheira a bolo-rei, rabanadas e mexidos,
E noutros, cheira somente a melancolia…

E após festejada a noite da consoada,
À meia-noite, católicos fogueteiros,
Farão a vinda de Jesus anunciada,
Também a fazendo, sirenes de bombeiros!

E enquanto os pela sorte mais privilegiados,
Seus presentes alegremente vão trocando,
Os que a vida lhes oferece tristes fados,
Agarrar-se-ão a suas orações rezando…

Mas pobres e ricos no Natal fruirão,
Da riqueza da amizade e fraternidade;
E os nossos queridos mortos, tornar-nos-ão,
Bem mais intensa a lidação com a saudade!...
III
E depois dessa quadra santa então passar,
Mais uma vez o calendário morrerá;
Onde o nosso adeus, será o nosso saudar,
Já que imediatamente renascerá!

Assim o dia trinta e um, será derradeiro,
E á meia-noite, recomeçará o rosário;
Muito nos deliciando, salvas de morteiro,
Anunciando o renascer do calendário!

Em nossos olhos, centelhas de aspirações,
Nas bocas, desejos de muita e boa sorte.
E nas mentes mil projectos e inovações
Quer da criatura mais fraca ou da mais forte!

E por o calendário ‘inda ser “criança”,
Constituirá uma incógnita para o povo;
Incógnita, mas com aroma da esperança!
A esperança em todos, dum feliz ano novo!
1989

FIM

Sem comentários:

Enviar um comentário