sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

NOSSA TERRA - NOSSA VOZ- ENTRE SEXTA E SÁBADO- 2011/01/28 ) - Do livro ( já editado) "ESTRO DE MULHER"


NOSSA TERRA – NOSSA VOZ


A nossa terra, é como uma mãe!,
Uma mãe, para cada um de nós;
Que até mesmo, nossa própria voz,
Mostra ser, sua filha também!

Entender-se-á – ouvindo falar –
Ser do Porto ou de Viseu, alguém,
De Lisboa, Algarve ou Santarém,
Que seu sotaque é peculiar!

Pois qualquer voz, é sempre dotada,
De diferentes “ingredientes”;
Porém, há vozes em tantas gentes,
Tornando a mãe-terra disfarçada…

Mas quer simples, quer abrasonada,
No fundo ela é a melhor que existe;
E alturas há, que em dizer se insiste:
– Não troco minha terra, por nada!

E ao viajarmos estrada fora,
Por mui bela que outra terra seja,
Jamais conseguimos ter inveja,
Que noutra, o nosso coração “mora”!

E logo que regressar se possa,
Ao olharmos, nosso amado chão,
Diremos: – e com toda a razão –
– Oh que não há terra como a nossa!

1972

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

"FUMO" DE BOATO - Do livro: (a editar) "PROPENSÕES MUSAIS"

FUMO” DE BOATO


Quanto mais cinzento ou negro, esse “fumo”,
– Nem que tapume ou sebe se lhe instale
Ou muito alto o comedimento fale –
Mais é difícil alterar-lhe o rumo…

Mais custará dar-lhe certeiro "aprumo",
Rectidão, que consciências regale;
Difícil mesmo, quem sem custo o “inale”
E a tal “toxicidade”, dê resumo…

Mas é um “fumo” crido, “volátil prata”
Pela má-língua, que a iguais, se agrupa
Por toda a mente, mais exaltada que serena…

E dum nefasto "percurso", que empata,
Faz mesmo o derrotismo vê-lo “à lupa”,
Sobretudo, numa terra pequena…

2010

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

SE ACASO NA REAL CAI, A ILUSÃO - (O POEMA DA SEMANA-2011/01/26) Do livro: (a editar)"PROPENSÕES MUSAIS"


SE ACASO NA REAL CAI, A ILUSÃO


Quando a dois é sentido um atrativo,
- No respeitante aos foros da paixão -
Quer o pacto assumido, quer furtivo,
Se sempre carnalmente apelativo,
Também sempre de incerta duração...

E quanto o “elo” mais for positivo,
Se acaso na real, cai a ilusão,
Mais para o jubilar, decai motivo...

Sensação assim,tão decepcionante,
Leva à visão de sonhos na enxurrada...
Para o ego,  iminente adeus marcante,
Que avelhenta - e de forma galopante -
Jus a tal decepção, exp’rimentada...

Mas se há subconsciente aliciante,
Dirá à própria esper’nça, amargurada:
Mantém sempre o teu “prado”, verdejante!
2010

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

ENFADONHO ENIGMA - Do livro: (a editar) "PROPENSÕS MUSAIS"

ENFADONHO ENIGMA


Quando enfadonho enigma, alguém impinge,
De tema caricato ou enganoso...
Faz a muitos lembrar, o da esfinge,
Lançado de arrojado gosto ou gozo...

Pior, se  mais absurdo, que esquisito,
Contém em si, um género de truque,
Que em vez, de em criação, constituir "grito",
Antes de velho cai, que nem estuque…

Nos ouvidos tampões/ na visão venda,
Apetece até, pôr-se por desdém,
Sempre que de intuição, se depreenda
Que o cerne de um enigma, está aquém...

2009

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

POR CAUSA DA GRIPE A -H1N1- (ENTRE SEXTA E SÁBADO - 2011/01/21) do livro: DA RÚSTICA MUSA, QUE PASSA"


POR CAUSA DA GRIPE A -H1N1-
(Poema em retrospetiva)

I
De assunto assim, devoram cada anúncio,
E até dizem: - temendo uma tal gripe* -
P'ra além do vade retro, o abrenúncio!

E alguém que por acaso se constipe,
De receio, lá vai deixando rasto,
Já que a estirpe, não é bom acepipe…

Muito discurso, vai ficando gasto,
Dando em leve alvoroço e em gritante,
E o rol de inquirições, vai sendo vasto.

Quanto a pôr-se nas mãos, desinfectante...
O sabão branco e azul, ou branco e rosa,
São cridos de concerne semelhante.

Mas mesmo ante a higiene rigorosa,
Muitos optam tomar vacinação,
Crendo-a ser a opção mais proveintosa.

E vê-se aqui e ali, folheto em mão,
De quem da prevenção faz um carisma
Para não padecer da provação.
II
Por tal, quem viu a gripe a cauto prisma
E quis ser vacinado – e (logo) foi-o
Decerto se isentou de triste cisma…

Antes, se a outros deu o seu apoio,
Também renegou mitos, quanto à crise
Como que a separar trigo do joio…
III
Que a mais justa prudência se utilize,
Numa estirpe de tal solicitude;
Que se p’ra o “deixa andar” houver deslize,
Isso já é “brincar” com a saúde!

2009/09/11

* O vírus foi detetado entre Março e Abril, do ano de 2009

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

QUANDO O CALCULISMO VENCE - Do livro: "DEAMBULANDO POR CAMPOS BIOGRÁFICOS"

QUANDO O CALCULISMO VENCE


Calculismo sob alma sem ceder
– Síncrese  a bem poder dar em duelo –
Como sendo uma ameia de um castelo,
No seu firme propósito de ser.

Calculismo, que não tem converter
– Antes de lado põe o “rosa belo” –
Logo o vitimado ego, ouro amarelo,
Um mais pobre metal, se sente ser.

Extremo calcular, que por começo
No mat'rial pusera int'resseirismo 
E em sentimentos-mor só desapreço;

Por isso, o instinto humano, não escroque
Crê de árdua provação, pró ecletismo,
Vencer ou convencer-se dum tal choque…

2009

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

CIÚME - SEGURANÇA AUSENTE - ( O POEMA DA SEMANA - 2011/01/19 ) Do livro: (a editar) "DEAMBULANDO POR CAMPOS BIOGRÁFICOS"


CIÚME – SEGURANÇA AUSENTE

Conjeturas do tipo virtual
Pondo um egocentrismo à defensiva;
Quando em jeito de achaque passional;
E com um despeitar, nada normal,
Terão repercussão, sempre lesiva…

Que sai de mente e alma feitas forno
Num nervoso miudinho - dos que exsuda -
E em que a própria revolta, feita torno,
Pode ao caso exagerar-lhe o contorno
Se acaso a agravou ciumite aguda...

Num tal desassossego, sem motivo,
- Que muito ser pensante, em si consente
E que mais que fugaz, é compulsivo,
Sem sequer a uma cura recetivo -
Por certo, a segurança, é algo ausente...

2010

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

SE EM MÁ PENUMBRA, SURGE VAGALUME - Do livro: (a editar) "DEAMBULANDO POR CAMPOIS BIOGRÁFICOS"

SE EM MÁ PENUMBRA, SURGE VAGALUME


Se quando em desalento e em queixume,
Um raio de alegria, por nós passa,
Toda a flama que dela logo grassa
Em nossa má penumbra, é “vaga-lume”!

– Tão vivo e reluzente, em "argamassa"
Pequeno no tamanho e grande em nume! –

E se a clarividência sempre abarca
 - Num místico expandir, tipo solene -
Perantre trevas vê-lo, alguém que pene
Com tanta luz se acalma e bem demarca!

-Reforçando na esp'rança o próprio gene,
Que deixa de ser nela, coisa parca! -

2009

domingo, 16 de janeiro de 2011

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

QUATRO PENAS - (ENTRE SEXTA E SÁBADO - 2011/01/14) Do livro: (a editar)"DEAMBULANDO POR CAMPOS BIOGRÁFICOS"



QUATRO PENAS
I
Apenas quatro penas, num só ser,
Fazem um cargo ser, demais pesado;
Quem todas não chegou ainda a ter,
I-las-á concerteza padecer,
E assim dar cumprimento ao próprio fado…

Para o corpo, serão só penas leves,
Sem em si grande peso deixar ver;
Contudo, dentro dele, pesam neves,
Como que nos causando frias febres,
E de um muito difícil combater...

Dessas penas, de assim um padecer,
O ódio, tem presença bem vincada,
Uma amizade com desvanecer,
Um grande amor, a ter de se esquecer,
E uma cruel traição, inesperada…
II
Ter-se uma amizade é ter-se riqueza,
Chegando, sem a gente atécontar;
Porém se a dada altura há briga acesa,
Uma desilusão há concerteza,
E uma pena em nossa alma, irá pesar…

Como a dor dum punhal ou dum arpão,
Causam-nos essas duras penas feias,
Conhecidas por ódio e por traição,
E que arrasam o nosso coração,
Após tanto minarem nossas veias…

Por vezes, quando o amor nos incendeia,
Faz nossa alma ficar quase que em brasa;
Mas se é gerada, ideia, contra ideia,
O férreo elo, então desencadeia,
E tudo o que era bom, eis que se arrasa…
III
Como tal ou à vista ou encobertas,
Essas penas do nosso oração,
Deixam-nos como chagas, bem abertas;
E que enorme pena, essas penas certas,
Serem de um mal depois: recordação!...

1971/01/19

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

ROBUSTO CORPO, QUE SE FRAGILIZA - Do livro: (a editar) "PROPENSÕES MUSAIS"

ROBUSTO CORPO, QUE SE FRAGILIZA


Se é que um robusto corpo, fragiliza
Por a sua alma estar prostrada em charco;
Custar-lhe-á bem mais pô-la em bom barco,
Se ela em crescente dor, quase agoniza...

Se a própria intuição mesmo, preconiza
Que p'ra alterar-se alento assim, tão parco,
Só uma radical mudança-marco
Será a “bola, dentro de baliza”?!

Em dor encharcada,  alma macambúzia
Toca a travar, as lágrimas – à dúzia
Que o choro em demasdia, só baralha;

Enquanto que o embarque em otimismo,
Não fará ir do charco, p'ra o abismo
Mas ao triunfo, em fio de navalha!

2010

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

FATORES DE FUTURO - ( O POEMA DA SEMANA - 2011/01/12 ) Do livro: (a editar) "PROPENSÕES MUSAIS"


FATORES DO FUTURO


Dar-se-á todo o intento, como escasso,
Quanto à gente antever-se o porvir - de todo;
Embora pese a inércia e o denodo,
Pondo-lhe mesmo nele, forte traço.

Para além de que a fguga ou não a engodo,
Também o marquem de êxito ou fracasso.

Um cauto arquitectar de um amanhã
Se implica, firmes pés, em duro chão;
Co'areias movediças, em questão,
Implica um caminhar, com pés de lã…

Deste jeito, uma e outra decisão,
Dizem a sensatez, sua artesã.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A PROVIDÊNCIA, A GRAÇA E A FESTA - ( ENTRE SEXTA E SÁBADO - 2011/01/07 ) Do livro: (a editar) "PROPENSÕES MUSAIS"


A PROVIDÊNCIA, A GRAÇA E A FESTA

Ribeiro, rio e mar, muito se inebriaram,
Com a graça da água Benta, pluvial;
Relvados, carrajós e musgos, se lustraram,
Qu ela é-lhes brilhantina, quase Divinal!

Oh prados, que em vós relva, dessa cor verdinha,
Luzidia, Encorpada – assim bem tratada
Resulta uma alcatifa, de nobre rainha,
Tornando a natureza, mansão envaidada!

Ah que em vós valetas, carrajós altinhos,
– Alentados, lustrosos e bem irmandos –
Nas margens das estradas e também caminhos,
Parecem tapetões, para pés delicados.

Também muros, p’ra a festa do Inverno valeis,
Com os vossos macios musgos, de excelência;
São colchas de veludo, às varandas dos reis,
Mas feitas e tratadas pela Providência!

Vós esqueletos-árvores, que  levantados,
Vedes à volta, tanta abastança, espalhada,
Também tendes em vós, porém embrionados,
Mimos da Providência - amiga que é tão dada!

Só que lhes causais, mais responsabilidade:
Que há o tronco, e a fronde - a trato radical,
 Para o ressuscitar, de vossa mocidade -
Mas podeis crer, que isso é um "salto de pardal"!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

VENTO, VENTINHO, VENTÃO - Do livro: (a editar) " ENTRE O ANTO E O ACANTO"

VENTINHO, VENTO, VENTÃO…

Sempre que tu provocas balançar,
Do centeio e aveia, sobre a escarpa,
Ah ventinho, faz crer teu assoprar,
Violino,violoncelo ou até harpa!

E quando tu desvairas parabólica,
– Sozinha e orgulhosa, no seu flanco –
Ah vento a tua garra - de estrambólica,
Fá-la ser no telhado, um saltimbanco...

Não perdes o soberbo frenesim;
– Oh móvel ventinho, vento, ventão –
E há que esperar de ti, formas assim:
Um ciclone, um tornado ou um tufão.

2009

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

INVERNO SEM CHUVA - (O POEMA DA SEMANA -2011/01/05 ) - Do livro: (já editado) "ESTRO DE MULHER"


INVERNO SEM CHUVA


Enquanto o lavrador contempla as suas podas,
E se lamenta, de não ver da chuva brios…
Solta o calceteiro, felizes assobios,
Que dentro de seu coração, há grandes bodas!

Enquanto indústrias de guarda-chuvas – todas
Desanimadas, ganham frios arrepios…
Que alegria, as tábuas secas para os navios!,
A vida no estaleiro, corre sobre “rodas”!

O certo, é que a chuva, é como prata divina,
E às vezes, com sua fartura, nos tolhemos,
Ao ponto, de a acharmos mesmo até bizantina…

Mas quando nula, ai como nos entristecemos…
Descobrimos, que não é prata, mas platina!,
Valorizamos mais o bem, quando o não temos!

1992

sábado, 1 de janeiro de 2011

GRAÇAS DE JANEIRO - Do livro: (a editar) " DA RÚSTICA MUSA, QUE PASSA"

GRAÇAS DE JANEIRO


Quem puser seu estendal,
À chuvada de Janeiro,
Vê córa mais triunfal,
No lençol ou travesseiro.

Porque a chuva, tendo neve,
Tem nobreza e dá ventura,
E todo o estendal embebe,
Numa cura, de brancura.

E é grande satisfação,
Ver-se linho e algodão,
Dignos de estarem na igreja;

São as graças de Janeiro,
Que na cora, é pioneiro,
E até faz a Agosto, inveja.

2004