A CAMILO CASTELO BRANCO
Por os teus amores tão violentos e controversos
Sofreste o presídio e com isso grande frustração;
Mas sem dramas, como seria o estro de teus versos?
Sem eles, seria imortal o teu amor de perdição?
Olho o tinteiro, penas óculos nesses móveis dispersos
A cadeira e janela, que tanto te convidaram à meditação
E omino o revólver, que te fez conhecer novos universos
Onde com ele, encontraste para tua cegueira, a solução.
Já ao entrar esse velho portal, mil ideias eu assimilo
E quando vejo camélias vermelhas, nesse chão cismado
Chamo-lhes Musais lágrimas de sangue, por ti Camilo
E assim tristemente esparsadas, nesse taciturno quintal
Choram Camilo o teu Egérico sangue, num acto desesperado
Com o inexorável vigor, desse maldito revólver fatal.
1990/02/21
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