QUEM É ELE?
É um respeitável e eloquente “senhor”,
DE visual dogmático – glacial,
Com voz cava e sonoramente imperial,
Mas encerrando uma alma, repleta de amor!
Esse “senhor”, que é de todos e de ninguém,
E que consegue impor respeito por demais,
É ancião, que, na história, faz anais,
Mas conseguindo manter-se novo, porém!
Habita em espaço aberto, como importância,
Já que nele, não há portas, nem há janelas,
Nem há muros, nem grades, nem sequer cancelas,
E assim, espalhando longe sua fragrância!
Para grande conforto de seus visitantes,
Esse nobre “senhor” com seu aspecto herege,
Se dotara de criar, alcatifa bege,
E de grânulos mui soltos e aliciantes!
Por conseguinte, até o mortal mais distinto,
Se sentirá por demais honorificado!
E – com pés descalços ou até mais desnudado –
UsufruirÁ dela, mandado pelo instinto!
E se algo mais quiser fruir ou contemplar,
Ele não será confrontado com tarifa;
Basta-lhe somente p’ra isso – essa alcatifa
Se disporá, verticalmente atravessar.
Assim fazendo, a certo ponto notará,
O quanto esse “senhor” tem de bonacheirão;
Que lhe dispusera um comprido tapatão,
E que certa ataraxia lhe causará:
Fresco tapetão e de beleza invulgar!
De algas, de diferentes formas e tamanhos,
Em tons: verdes, beges, roxos e ‘inda castanhos,
Além de lembranças p’ra ele então guardar!:
São búzios, mandados por tão gentil “senhor”!
“Senhor”, com uma grande generosidade!
E para o mortal dele mais sentir saudade,
À mistura, ainda, alguns “beijinhos” de amor!
Póvoa do Varzim-1989
Sem comentários:
Enviar um comentário