O PINTOR E A VATEL
Numa velha cozinha, entre higiene,
Uma hábil moça, agita manivela
Duma máquina, dada ao querosene,
Em vista a um bom arroz de cabidela.
Seu amante, de empenho assaz solene,
E a provar-lhe afeição pura e singela,
– Sem rogar que entremez alguma, encene –
Eis que pinta a carvão, o afazer dela.
Só que o petróleo acaba em má maré,
E há que ela acender achas, com canseira;
P’ra se servir do pote com tripé;
P’ró amante também, labor dobrado,
Pintando-a então às voltas na lareira,
Sobre o pote, em que acaba o cozinhado
2010
Sem comentários:
Enviar um comentário