INFÂNCIA, JUVENTUDE E VELHICE
Na vida, três fases irás passar!
Como num sopro: – minha avó me disse –
Da infância à juventude, é num “ar”,
E “noutro”, da juventude à velhice!...
– Nessa altura, eu (novinha e desatenta)
Duvidei, do que me dissera então;
Mas quando num “ar”, vi minha juventa,
Conclui, que ela tinha bem razão!...–
– E hoje, não sou menina que se dote,
Dos seus belos caracóis, que saudade!...
Nem bibe e o caprichoso laçarote,
Nem de ter brincadeiras dessa idade!...
Meu correr, já não tem tanta folia,
Bonecas? Foram há muito arrumadas;
E as histórias, que nesse tempo lia,
Vejo-as num baú amareladas…
Também minha avó me disse – sorrindo –
Que na infância, juventa ansiamos,
E logo que, em nós, comece florindo,
Vemos que o tempo voou e acordamos…
E que por o tempo assim ir “voando”
Seus efeitos, se irão repercutindo;
Onde em casamento iremos pensando,
Com a maturidade, nos sorrindo…
Que os filhos, que, porventura teremos,
Bem depressa frequentarão a escola;
Onde nós (no até logo) lembraremos,
Os nossos belos tempos da sacola!...
E que a infância dos filhos também,
Num “ar”, a juventude passará;
E que p’ra nós pais, a caminho vem,
A velhice – que nos arrasará…
Mas que, quando, por fim mais tarde um neto,
Nosso cansado coração “prender”…
Que, com isso, encontraremos decerto,
Lenitivo de nosso envelhecer!...
E algo ainda mais, minha avó me disse:
Que a fase, que mais saudosa a deixou,
Foi a da juventude – na velhice,
Mas que nunca mais até si chegou!
1965
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