SUPERMERCADO EM FIM-DE-SEMANA
Como no mar, os peixes em cardume,
É muita fila dum supermercado;
Ora ali, um suspiro, ora um queixume,
Ora mesmo, expressão de certo enfado.
- E pode alguém dizer que tem ao lume,
Uma sopa, um cozido ou um guisado.-
Logo, razão, assim deveras forte,
E ainda poucas compras a obstar,
Equivalem a duplo factor-sorte,
Para alguém no caso mesmo repensar.
- Se partindo de quem pouco se importe,
De perder com a troca de lugar. -
Contudo, toda a fila dá ensejo,
A alguém, nela estando presente -
Soltar boa piada ou bom gracejo,
E mirar de alto a baixo, algum cliente...
Ou de consumar um e outro bocejo,
Enquanto “carneirinhos” conta, em mente.
Se há quem não seja adepto do alarido,
Por pouco, até há quem lá se desmande;
Achando espera assim, não ter sentido,
E coma uma bolacha ou uma sande.
Também auscultador há, em ouvido,
E quem com isso tenha um gozo em grande!
E entre quem desabafe, do revés,
– Quem suspire, perante tais vagares –
Há por vezes, alguém, contra banzés,
Que sinta ter urgência de outros ares…
Preferindo a- caminho, pôr seus pés,
Após repor artigos, nos lugares.
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